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bexiga, certeza, leite, mente dividida, onda de calor, pânico, pensamentos
Nos últimos dias tenho percebido algumas mudanças no meu comportamento em relação ao pânico.
Antigamente quando estava em uma situação que poderia causar uma crise era como se uma bexiga d’agua se estourasse. Não havia como conter a água de encharcar tudo o que estivesse próximo, uma avalanche, incontrolável. Daí os sentimentos se antecipavam aos acontecimentos. Eu sabia que, uma vez que aquela onda de calor tão conhecida subisse pela minha espinha eu estaria perdida.
Agora as coisas parecem estar diferentes.
Eu ainda sinto a onda de calor. Eu ainda sei quais são as situações com maior probabilidade de me causar uma crise. Mas agora é como se meu corpo e minha mente fossem como o leite que colocamos para ferver no fogão. Se você estiver ao lado, prestando atenção, você percebe quando ele começa a subir e pode baixar o fogo antes dele derramar.
Não é, de fato, imprescindível que o leite derrame nessa situação.
Há a possibilidade de controle.
Hoje eu consigo perceber mais claramente quando o leite está subindo. Mas minha percepção ainda não está tão apurada e eu só consigo ter certeza quando a coisa chega perto do limite. Eu consigo não dar vazão aos pensamentos apocalípticos, eu consigo não deixar o pânico fugir do meu controle. Minha mente me diz coisas que não são reais, ela vê perigos onde não há nada. Minhas sensações me enganam. Isso não quer dizer que a dor não venha.
Ahh, ela está sempre presente…
Hoje a dor aparece, se mostra com veemência, mas a minha mente, que tem o poder de aumentar todas essas sensações, consegue exercer um controle relativo. É engraçado porque ela me engana e ao mesmo tempo me avisa que o engano está acontecendo.
A mesma mente que cria as ilusões é a que me lembra que nada daquilo é real.
Como entender essa contradição, como conviver com ela?
Honestamente eu não entendo os mecanismos que fazem a mente se comportar dessa maneira, mas é o que eu vejo, é o que eu sinto e é o que tem acontecido. É como se a mente estivesse dividida em duas, como um hábito cultivado por muitos anos e por isso tão difícil de largar.